domingo, 24 de março de 2013

A CASA DOS VELHOS OU A MORTE DO MUNDO

 
Este livro, A Casa, abre uma paisagem dolorosa de um imenso Centro de Acolhimento para a terceira idade, no qual, como no maior e mais velho paquete do mundo, centenas e centenas de passageiros se acumulam numa rotina patética. Todos esses velhos vivem como num lugar que lhes fornece quase tudo o que é preciso para uma vida normal, incluindo assistência médica, mas algo acontece para lá dos jardins, sobre os quais alguns hóspedes mais novos contam, após fugas malogradas, a impossibilidade de chegar ao fim, de encontrar alguém ou alguma estrada. O narrador daquela situação caracteriza pessoas, destinos, memórias da guerra, envelhecendo com os que vão ficando. Aquele mundo, onde até há uma biblioteca fabulosa, parece degradar-se com uma maior queda da demografia, entre mortes e suicídios. Tudo se resume, por fim, a meia dúzia de pessoas ensandecidas ou ao homem que tudo nos contou e se recolhe, sozinho, ao seu quarto, fitando o disco que segurava a lâmpada e onde ele julgava ver, em semelhança, o Mar da Tranquilidade, aspecto morfológico da lua.

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